GAGUEIRA DO DESENVOLVIMENTO – ou Gagueira Idiopática
Fga. Me. Ignês Maia Ribeiro (ignes@uol.com.br)
Crfa. 4231 – São Paulo/SP
Embora não haja consenso sobre a sua definição, a gagueira do desenvolvimento pode ser é entendida como um distúrbio na fluência e na temporalização da fala e se caracteriza por interrupções atípicas no fluxo da fala, que ocorre de modo involuntário.
Trata-se de um distúrbio universal, referido em todas as partes do planeta independentemente da raça, cultura, credo, situação socioeconômica. A gagueira incide temporariamente em 4% da população e prevalece em 1% da população mundial, numa proporção de 4 pessoas do sexo masculino para uma do sexo feminino.
Na maioria dos casos ela surge entre os 2 e 4 anos de idade, e seu desenvolvimento é gradual, mas em um terço das crianças ela tem seu inicio abrupto. Tende a ocorrer em famílias onde há membros que gaguejam ou que gaguejaram numa proporção de 3 vezes mais do que em crianças sem histórico familiar.
Estudos específicos apontam para evidências de transmissão genética. Porém, o fator genético não pode ser considerado como única causa. Atualmente a gagueira é entendida com um distúrbio multicausal, onde observamos um conjunto de fatores que concorrem para o seu aparecimento e desenvolvimento, tais como: os aspectos motores da fala, emocionais, afetivos, cognitivos e lingüísticos, entre outros.
Muitas das crianças que gaguejam poderão ter uma remissão total desse quadro, porém ainda não temos como prever quais as crianças que se encontram nesse grupo. Dessa forma é fundamental que se faça precocemente um trabalho específico. Melhores resultados serão obtidos quanto mais rápida for a intervenção terapêutica fonoaudiológica especializada. Pesquisas demonstram que o tempo médio de espera desde o surgimento dos sintomas primários (repetições, bloqueios, prolongamentos etc.) deve ser de 6 meses, e que não deve ultrapassar um ano após do seu surgimento.
O profissional a ser procurado para uma avaliação e diagnóstico diferencial é o fonoaudiólogo especializado no atendimento dos distúrbios da fluência.
Convém salientar que trabalhos importantes têm sido realizados em adolescentes, obtendo a remissão total da gagueira. Observamos ainda que também com adultos que já apresentam a gagueira instalada, muito se pode melhorar a sua fala e as suas relações de comunicação como um todo, minimizando significativamente o distúrbio e o sofrimento presente em relação a sua dificuldade. O trabalho fonoaudiológico com o adulto que gagueja é altamente gratificante pelos excelentes resultados positivos alcançados.
Além da Gagueira do Desenvolvimento a fonoaudiologia ainda reconhece outros quadros considerados com Distúrbios da fluência. São eles: a taquilalia, a taquifemia, a gagueira neurogênica e a gagueira psicogênica. Um fonoaudiólogo especializado no tema tem competência para avaliar, fazer o diagnóstico diferencial e traçar um planejamento adequado e desenvolver um processo terapêutico adequado.
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