A Audição de Seus Alunos


PROBLEMAS DA DEFICIÊNCIA AUDITIVA



Algumas crianças da sua escola podem ter problemas de audição. Isto costuma acontecer com cerca de 10% das crianças em idade escolar.

A perda auditiva é uma das deficiências mais sérias no mundo inteiro. E muitas vezes só é identificada tardiamente.

Quando não reconhecida - e dependendo do grau dela -, a deficiência auditiva pode causar muitos problemas para as crianças. São eles:



 FALA - Todos aprendem a falar ouvindo. A surdez na primeira infância pode alterar bastante o desenvolvimento da fala;



 CAPACIDADE DE APRENDER - Uma das razões mais comuns das dificuldades no aprendizado é a perda auditiva;



 INTEGRAÇÃO SOCIAL - Problemas de comunicação interferem sensivelmente no relacionamento entre a criança com deficiência auditiva e as outras. Quanto mais cedo a deficiência auditiva for identificada, melhores serão as chances de:



 Tratá-la de forma eficiente;



 Reduzir as conseqüências.





COMO NÓS OUVIMOS



O ouvido transforma os sons em sinais elétricos que o cérebro é capaz de entender.

Os sons alcançam o OUVIDO EXTERNO...

Passam pelo CONDUTO AUDITIVO EXTERNO (canal do ouvido)...

E atingem o TÍMPANO, que vibra.

As vibrações do TÍMPANO chegam até três pequenos ossos do OUVIDO MÉDIO (martelo, bigorna e estribo)...

E são conduzidas aos líquidos do OUVIDO INTERNO...

Em seguida, atingem as CÉLULAS RECEPTORAS, que transformam as vibrações em impulsos elétricos.

Estes impulsos caminham através do NERVO AUDITIVO até o cérebro, que os percebe como sons.



As perdas auditivas podem acontecer quando existem problemas em alguma das partes do ouvido.

As perdas podem ser:




CONDUTIVA - Lesão do ouvido externo ou do ouvido médio por doença, trauma ou problemas de malformação congênita;



NEURO-SENSORIAL - Lesão do ouvido interno por doença, trauma ou problemas de malformação congênita, ou lesão do nervo auditivo;



MISTA - Uma combinação dos dois tipos anteriores;



CENTRAL - Quando ocorre no cérebro e causa alterações no processamento das informações, ou seja, a criança pode ouvir, mas não compreender.





A perda auditiva pode ser de vários tipos:



 PARCIAL ou TOTAL;

 TEMPORÁRIA ou PERMANENTE.













O QUE PODE CAUSAR PERDA AUDITIVA EM CRIANÇA?



Problemas Pré-Natais



 Rubéola materna durante a gravidez - o risco de surdez na criança que nasce é cerca de 14%.

Importante: a vacinação contra rubéola elimina este risco.

 Problemas de incompatibilidade sanguínea pelo fator RH.

Importante: podem ser evitados pela administração de soro específico.

 O parto prematuro aumenta o risco de perda auditiva.

 Congênitos: pessoas na família que nasceram surdas.






PROBLEMAS NO OUVIDO MÉDIO



Bloqueio na tuba auditiva - causado por resfriados, gripes, adenóides aumentadas, que impedem o arejamento do ouvido médio e podem causar:



 Otite média - infecção capaz de perfurar o tímpano, podendo ser tratada com antibióticos ou, às vezes, com cirurgia;

 Líquido no ouvido médio - a otite média secretora é a causa mais freqüente de perda auditiva na idade escolar; o tratamento pode ser clínico ou cirúrgico






FATORES AMBIENTAIS



 Doença na infância (sarampo, coqueluche, caxumba, meningite) podem causar perdas auditivas.

Importante: muitas delas podem ser evitadas pela vacinação.






TRAUMATISMOS SONOROS OU FÍSICOS



Podem ocorrer perdas auditivas em conseqüência de:



 Ruídos muito altos próximos a um ou a ambos os ouvidos;

 Pancadas violentas nos ouvidos;

 Objetos introduzidos pela criança no canal do ouvido.






PROBLEMAS GENÉTICOS





 Existem doenças genéticas que podem causar danos ao sistema auditivo.

 É importante verificar se há pessoas na família que nasceram surdas.





COMO SABER SE UMA CRIANÇA TEM PERDA AUDITIVA



Os sintomas variam com a idade. Os principais SINAIS DE ALERTA são os seguintes:






RECÉM NASCIDO

 O bebê não se assusta quando alguém bate palmas a 2 metros de distância;

 O bebê não pára de chorar quando ouve a voz da mãe





DE 8 MESES A 1 ANO



 A criança não vira a cabeça na direção dos sons familiares;

 Também não murmura quando é estimulada pela voz humana.




1 ANO E MEIO


 Ela não é capaz de falar palavras simples - mamãe, papai, vovó, auau, etc;

 Não consegue identificar partes do corpo quando alguém pergunta.






2 ANOS


 A criança não consegue fazer coisas simples sem "dicas visuais";

 É incapaz de repetir frases.




3 ANOS


 Ela não consegue localizar de onde vem os sons;

 Não compreende e não usa palavras simples como eu, você, quente, frio.




4 ANOS



 A criança não é capaz de contar com coerência alguma experiência recente, como um simples passeio;

 Não consegue obedecer duas ordens verbais ao mesmo tempo.



5 ANOS



 Ela não consegue ter uma conversa simples;

 Sua fala pode ser difícil de compreender.






IDADE ESCOLAR


 Distração constante;

 Desempenho escolar abaixo da média;

 Resfriados e dores de ouvido freqüentes.



IMPORTANTE:



Se uma criança apresentar qualquer desses "sinais de alerta", leve-a a um posto de atendimento médico. Procure um otorrinolaringologista.

Até mesmo os recém-nascidos podem ser tratados.





TRATAMENTOS





As perdas auditivas do tipo condutivo podem ser tratadas com...





 MEDICAMENTOS - úteis no tratamento da otite média aguda e da otite média secretora;



 CIRURGIAS - úteis na reconstrução do tímpano, dos pequenos ossos do ouvido, no controle da otite média secretora através de tubos de ventilação e no controle de infecções crônicas; em certos casos a cirurgia pode ser empregada para corrigir alterações estruturais.







PERDAS NEURO-SENSORIAIS...

 Necessitam de aparelhos para surdez e de educação especial;

 Os aparelhos para surdez podem ser usados mesmo por crianças bem pequenas - dos cinco meses de idade em diante; eles amplificam os sons, permitindo um melhor uso da audição que ainda resta;

 Professores especialmente treinados ou fonoaudiólogos podem ajudar a criança a empregar melhor a habilidade auditiva que lhe resta; ajudam também a obter aproveitamento máximo do aparelho para surdez; necessita de educação especial; alguns casos podem ser operados - como os implantes cocleares -, mas mesmo assim a criança dependerá de educação especial.





EDUCAÇÃO ESPECIAL





Existem dois métodos básicos de EDUCAÇÃO ESPECIAL:




COMUNICAÇÃO ORAL - a criança aprende a falar, ouvir e ler os lábios. A audição residual deve ser estimulada e o uso do aparelho auditivo é imprescindível;






LINGUAGEM GESTUAL - ela aprende a se comunicar através de sinais padronizados.



Os objetivos destes métodos são os mesmos: permitir que a criança seja capaz de se comunicar.



O período decisivo para a aquisição da linguagem corresponde aos primeiros 2 anos de vida. Por isso, nos casos de surdez profunda, o ideal é iniciar a educação especial em torno de 6 MESES DE VIDA.








SE NA SUA CLASSE HOUVER CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA



 Converse com os pais. Verifique se eles sabem do problema e estão procurando algum tipo de ajuda;

 Seja sempre paciente. Em alguns casos é preciso falar de frente para que a criança compreenda você.

Mas mesmo com uma pequena ajuda ela já será capaz de aprender;

 Dê carinho e afeto. Toda criança precisa. Estimule também amizades entre esta criança e as outras.

No começo pode ser difícil, mas torna-se mais fácil com o tempo;

 Compreenda o problema desta criança. Saiba tudo sobre ela. Verifique se a perda de audição é temporária ou permanente, se é leve ou grave a ponto de impedir a comunicação da criança, que então precisará de outros recursos e cuidados.





AJUDE A CRIANÇA A "OUVIR"






 A criança com perda auditiva leve ou severa, permanente ou temporária, deve sentar-se o mais perto possível do(a) professor(a); aquela que só escuta de um ouvido deve sentar-se de modo que o ouvido bom fique voltado para o(a) professor(a);

 Se a criança usar aparelho para surdez, pergunte à mãe como funciona e se as baterias são trocadas regularmente. Enfim, cuide você também para que haja sempre um aproveitamento máximo dó aparelho;

 Agir com calma é fundamental se a criança tiver dificuldade para entender você;

 Fale olhando diretamente nos olhos dela;

 Fale com simplicidade;

 Não grite, fale claramente, sem elevar a voz;

 Se muitos falam ao mesmo tempo e a criança parece perdida, ajude-a com palavras simples e explicativas;

 Reforce o conteúdo da fala, sempre que possível, com recursos visuais ou por escrito;

 Lembre-se de não falar quando estiver de costas para os alunos, escrevendo no quadro-negro - fale sempre de frente e de forma clara.