Acontecerá no próximo dia 8 de novembro, terça-feira, no Centro de Convenções Rebouças, em comemoração a Semana Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, a entrega do aparelho auditivo ao paciente número 10 mil pelo SUS
Postado em 04/11/2011
Acontecerá no próximo dia 8 de novembro, terça-feira, no Centro de Convenções Rebouças, em comemoração a Semana Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, a entrega do aparelho auditivo ao paciente número 10 mil pelo SUS - Sistema Único de Saúde. "A audição - ou a possibilidade de ouvir e voltar a ouvir em qualquer idade - modifica o comportamento de todos que necessitam do aparelho, propiciando um maior entrosamento familiar e até a retomada da vida profissional por muitos que já estavam com a sensação de que a vida estava no final. O Programa Reouvir devolveu a milhares de pessoas a participação na família e a alegria de se sentirem úteis. E esse atendimento pessoal não pode parar", diz Prof. Dr. Ricardo Ferreira Bento, professor titular da disciplina de otorrinolaringologia do HC-FMUSP.
Esse programa que começou com o trabalho pioneiro e sério desenvolvido pelos doutores Sérgio Garbi e Mara Edwiges Gandara, iniciou em 1999, quando um laboratório farmacêutico doou 18 aparelhos para idosos que faziam parte do GAMIA (Grupo de Assistência Multidisciplinar ao Idoso Ambulatorial) e, daqueles dias até hoje, foram doados próteses auditivas convencionadas, custeadas pela Secretaria Estadual da Saúde através de convenio com a Fundação Faculdade de Medicina. Essa doação aconteceu tanto a idosos como a jovens que foram encaminhados para palestras, através de atendimento em unidades básicas de saúde e passaram por triagem, sempre acompanhados de familiares, no Hospital das Clínicas de São Paulo.
"Temos histórias marcantes de pessoas que, hoje, até voltaram aos bancos de universidades, defendendo mestrado, além de participarem ativamente da vida familiar. E até de senhoras e senhores que auxiliam os filhos nos seus negócios ajudando a melhorar a renda da família. Entregar o aparelho número 10 mil é uma vitória, mas precisamos continuar atendendo o nosso público e, para isso, precisamos que o governo volte a considerar o atendimento de alta complexidade auditiva, onde está incluída a doação de aparelhos auditivos, no patamar estratégico dos hospitais que pertencem à rede SUS", continua o professor.
Explicando melhor, há três qualificações para a distribuição do recebimento da verba que cada hospital recebe. A primeira é para procedimentos de média complexidade, onde estão inclusos, na otorrinolaringologia, cirurgias de amígdalas. Na alta complexidade, incluem a doação de aparelhos auditivos e cirurgias como o implante coclear, o popular ouvido biônico, que propicia audição para surdos severos e profundos. E, por último, o estratégico, onde se enquadram os transplantes renais e estavamincluídas as cirurgias de implante coclear e as próteses auditivas convencionais.
"Em 2008, esse quadro modificou. Procedimentos enquadrados até então como estratégico (ou urgentes) tornaram-se de alta complexidade auditiva como a doação de aparelhos e as cirurgias de implante coclear, prejudicando muito o atendimento otorrinolaringológico. Crianças que nascem surdas, por exemplo, não podem passar mais que seis meses sem estimulação porque haverá comprometimento de todo o seu aprendizado e a sua comunicação com as famílias e com o mundo. E é importante ressaltar que, no último CENSO, a deficiência auditiva ocupava o segundo lugar entre as deficiências pesquisadas representando 14% da população. Se houver mudança para o estratégico, o atendimento poderá tornar-se maior e a qualidade de vida será muito melhor para quem tem problemas de audição", diz ele.
Governo federal e aparelho auditivo genérico
A marca do Reouvir pode ser dobrada em pouco tempo. "Temos equipe e atendimento com acompanhamentos bastante sérios. Nossos pacientes são atendidos todos os meses (há palestras todas às quartas-feiras, a partir das 13 horas) e podemos ampliar esse trabalho. Basta conseguirmos mais verba do governo federal porque cada aparelho auditivo (não existe medicamento para a surdez) é muito caro, assim como o implante coclear e a verba recebida fica comprometida. Precisamos de ajuda para continuarmos com esse trabalho", diz o professor.
Uma saída para o alto custo dos aparelhos auditivos foi encontrada pela própria otorrino do HC-FMUSP com o desenvolvimento por um projeto de um aluno de pós-graduação do Programa de Pós Graduação da Otorrinolaringologia Silvio Penteado, de uma prótese convencional genérica que foi patenteada e já está sendo fabricada em larga escala e logo estará à venda. "O custo do aparelho cairá drasticamente - cerca de 40% do valor atual da prótese auditiva mais barata existente no mercado, com um plus para quem se tornar usuário. A nacional, fabricada em Barueri, terá manutenção anos a fio", finaliza Bento.
Para o evento foram convidadas autoridades federais, estaduais e municipais ligadas à Saúde e serão homenageados o primeiro usuário de aparelho auditivo convencional do Projeto Reouvir e a entrega do aparelho número 10 mil. Já estão confirmadas as presenças da Secretária de Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência, Profa. Dra. Linamara Rizzo Battistella, do Secretário de Estado da Saúde, Prof. Dr. Giovanni Guido Cerri e da deputada federal Mara Gabrilli.
Centro de Convenções Rebouças fica na av. Dr. Enéas Carvalho Aguiar, 23, Pinheiros, São Paulo, Capital e maiores informações podem ser obtidos através do telefone 11 3068-9855.