Rouquidão da infância

Podem representar doenças graves

Postado em 15/12/2005



A disfonia ou rouquidão acomete 6 a 23% das crianças. Apesar de comumente não causar incômodo na criança e, eventualmente, passar desapercebida pelos próprios pais, alguns casos podem representar doenças graves e potencialmente fatais, se não diagnosticas e tratadas adequadamente.
Entre as causas de disfonia na infância temos as inflamatórias (laringites virais, crupe, laringite de refluxo), congênitas (estenoses, membranas), doenças mucosas benignas (nódulos, pólipo, cisto, sulco vocal, micro-sinéquia), tumorais benignas (papiloma), tumorais malignas (carcinoma) e neurológicas (paralisias laríngeas). A disfonia nestes casos pode ocorrer associada a outros sintomas como falta de ar, estridor, tosse, pigarro, dificuldade para engolir e aspiração.

Os nódulos são a causa mais comum e podem ser tratados com fonoterapia, cirurgia ou simples seguimento clínico, tendendo a desaparecer espontâneamente após a muda vocal da adolescência. Contudo, a papilomatose laríngea que constitui outra causa comum, é um tumor que tende a crescer progressivamente, devendo ser diagnosticado e tratado o mais precocemente possível para evitar o risco de obstrução da via aérea e sufocação da criança.
A avaliação diagnóstica da criança disfônica ganhou um grande impulso com o desenvolvimento e popularização dos métodos endoscópicos em otorrinolaringologia. Estes exames podem ser realizados ambulatorialmente em crianças pequenas, inclusive em recém-nascidos.

O arsenal terapêutico da disfonia na criança também foi incrementado, com o desenvolvimento de instrumental adequado para a realização de fonomicrocirurgia nesta faixa etária, introdução de novas técnicas cirúrgicas como a tireoplastia e novas drogas, como o cidofovir, que tem mostrado um futuro promissor para o tratamento da papilomatose laríngea.
Independentemente da conduta proposta, o diagnóstico médico correto é o passo inicial fundamental para direcionar o tratamento adequado da criança disfônica.


* Texto escrito pelos médicos Rui Imamura, Domingos Tsuji e Luis Ubirajara Sennes do Grupo de Voz da Divisão de Clínica ORL do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP