A Dor tem Natureza Subjetiva
Postado em 06/04/2006
05/04/2006
Por Thiago Romero
Agência FAPESP - Para avaliar as condições físicas dos pacientes, os profissionais de saúde costumam se basear em quatro sinais vitais: pressão arterial, freqüência cardíaca, temperatura e pulsação. Mas outra importante avaliação, normalmente esquecida, pode ajudar bastante na obtenção de diagnósticos mais precisos: a mensuração da dor.
“Um dos grandes problemas nos tratamentos médicos é a imprecisão dos clínicos para medir a dor dos pacientes. E ela, a dor, deve ser considerada o quinto sinal vital”, disse José Aparecido Da Silva, professor da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.
“A dor tem natureza subjetiva. É o que o paciente relata ao profissional da saúde”, diz Da Silva. Por isso, segundo ele, para dinamizar as práticas clínicas, os pacientes devem saber descrever a dor com clareza e precisão. “A correta avaliação da dor auxilia a escolha do tratamento mais seguro entre os diferentes tipos de condutas terapêuticas disponíveis”, afirma.
Da Silva acaba de lançar, com Nilton Ribeiro-Filho, também da FFCLRP, o livro Avaliação e Mensuração de Dor: Pesquisa, Teoria e Prática (Funpec Editora), que apresenta um extenso levantamento do conhecimento científico existente até o momento sobre o assunto.
O livro apresenta técnicas de avaliação e mensuração das dores experimental e clínica. A primeira, segundo os autores, é aquela que pode ser induzida em laboratório para, por exemplo, verificar a tolerância do organismo humano a estímulos específicos. “É uma dor irreal, que não traz o mesmo sofrimento e desconforto físico da dor clínica”, explica Da Silva.
As informações sobre as diferentes escalas clínicas da dor são úteis para orientar os médicos na avaliação de populações especiais como idosos e recém-nascidos. “São pessoas com menor capacidade de verbalização, o que torna o diagnóstico mais difícil. Nesses casos, são utilizados outros indicadores fisiológicos ou comportamentais, capazes de substituir o registro verbal”, conta o professor da FFCLRP.
Da Silva e Ribeiro-Filho defendem a importância da dor para a própria preservação da vida. Para eles, apesar do desprazer e das experiências desagradáveis associadas à dor, o que faz todo mundo tentar evitá-la, ela é o primeiro alerta da presença de algo prejudicial no organismo humano. “É uma experiência pessoal que pode ser sentida apenas pelo sofredor. E um dos grandes desafios atuais dos clínicos é tentar descobrir as diferentes dimensões dessa dor”, diz Da Silva.
Mais informações:
http://www.funpecrp.com.br ou
jadsilva@ffclrp.usp.br