AIDS na América Latina

Revista Science Mostra Dimensão do Problema

Postado em 28/07/2006


Agência FAPESP - A revista norte-americana Science desta sexta-feira (28/7) publica um número especial sobre a situação da Aids na América Latina e no Caribe.

O jornalista Jon Cohen viajou por 12 países, visitando laboratórios, clínicas, ministérios de saúde, universidades, prisões, bordéis, clubes, favelas e casas de portadores de HIV.
A reportagem traz um relato abrangente da epidemia na região e aponta como governos, organizações não-governamentais e comunidades afetadas estão enfrentando o problema.

Alguns dados assustam. Em nenhum país latino-americano ou caribenho, exceto no Haiti, a taxa de prevalência da Aids teve queda significativa. Mesmo assim, entre os haitianos a taxa está acima de qualquer região do mundo com exceção da África subsaariana.

A situação na América Latina e no Caribe é crítica: segundo a OMS, os atuais 2 milhões de infectados da região poderão chegar a 3,5 milhões em 2015.

BRASIL EM FOCO

Em relação ao Brasil, a reportagem destaca a decisão tomada em 1996 de ignorar patentes de indústrias farmacêuticas e produzir localmente medicamentos genéricos para distribuir a pacientes. O resultado imediato foi a queda da mortalidade pela síndrome em 50% entre 1996 e 2002.

A medida foi copiada por outros países e, no fim de 2005, 1,3 milhão de infectados em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento recebiam medicamentos mais baratos. Quatro anos antes, o total era de apenas 240 mil.

MAIORES GASTOS

Mas a Science ressalta que a decisão brasileira mudou nos últimos anos, a ponto de o país atualmente comprar das multinacionais farmacêuticas 80% dos medicamentos anti-retrovirais de que necessita, fabricando apenas o restante. O custo anual da terapia por paciente subiu de US$ 1.336, em 2004, para US$ 2.500, no ano seguinte.

A reportagem da revista norte-americana também destaca a nova fábrica do Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, que produzirá medicamentos anti-retrovirais para distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS), e o contraste entre a oferta gratuita de medicamentos eficientes com a precária situação do sistema público de saúde no país.

O especial da Science pode ser lido por assinantes em http://www.sciencemag.org/