Perda de Olfato tem Cura!

Alterações do Olfato

Postado em 22/11/2006


Dr Henry Ugadin Koishi Otorrinolaringologista do Ambulatóriode Olfação e Halitose do HC- FMUSP INTRODUÇÃO O olfato é o sentido responsável pela percepção dos aromas, mas muitas vezes ele é pouco valorizado no nosso dia-a-dia, só percebemos a sua importância quando sua função está comprometida. Em alguns mamíferos ele é fundamental para sobrevivência permitindo à busca pelo alimento e ajudando na proteção de agressões do meio ambiente. No homem o olfato também poder ser muito importante para a alimentação e saúde evitando, por exemplo, a ingestão de alimentos estragados e contaminados além de ajudar na sua proteção identificando situações de risco no nosso cotidiano como um simples vazamento de gás de cozinha ou presença de fumaça. O processo de identificação dos aromas tem início com a entrada do fluxo aéreo pelas narinas carregando os aromas até uma região especializada chamada de mucosa olfatória ou neuroepitélio olfatório que está localizada na fenda olfatória próxima ao teto das cavidades nasais (Figura). Nesta região existem células específicas denominadas de receptores olfatórios que captam os aromas e transmitem as informações para os nervos olfatórios e depois para o cérebro onde é realizado o processamento das informações. Figura 1 CAUSAS Existem várias situações que podem levar à redução da sensibilidade olfativa (hiposmia) comprometendo as diferentes regiões da via olfatória. Resumidamente podemos classificar as hiposmias em 2 grupos: 1- Hiposmias condutivas: são causadas por qualquer processo que dificulte a chegada do fluxo aéreo até a região do neuroepitélio. -Gripes, resfriados: o edema da mucosa nasal e ao acúmulo de secreções pode prejudicar o olfato temporariamente. - Rinites e Sinusites: podem provocar congestão crônica impedindo a entrada adequada do fluxo aéreo. - Pólipos nasais: são pequenas formações gelatinosas que se formam nas cavidades nasais como se fossem pequenos "cachos de uva" ocorrendo principalmente em pessoas com rinite. - Desvios do septo nasal: traumatismos, fraturas nasais ou crescimento tortuoso da cartilagem do septo nasal podem estreitar ou obstruir a região da fenda olfatória. -Complicações cirúrgicas: algumas cirurgias nasais podem provocar sinéquias (aderências) na mucosa nasal estreitando a passagem do fluxo aéreo. -Tumores: são pouco freqüentes, mas podem causar hiposmia. Nesses casos é fundamental o diagnóstico precoce. 2- Hiposmias Neurossensoriais: ocorrem por disfunção do neuroepitélio ou das estruturas nervosas relacionadas à olfação. - Sinusites e rinites: podem provocar inflamação na região do neuropitélio olfatório podendo provocar alterações na captação dos aromas pelos receptores olfativos. - Produtos químicos: muitos elementos podem irritar e até mesmo danificar definitivamente os receptores olfativos dependendo do tempo de exposição e concentração. Substâncias como o benzeno, acetona, solventes, formaldeído, amoníaco, cloro e alguns tipos de ácido podem prejudicar seriamente a mucosa nasal. - Infecções virais: alguns vírus comuns nos resfriados e nas sinusites podem alterar a estrutura do neuroepitélio olfatório diminuindo sua eficiência. - Medicamentos: muitos remédios usados rotineiramente para hipertensão, gota, problemas de tireóide e dor crônica podem provocar hiposmia em algumas pessoas. - Quimioterapia e radioterapia: pacientes em tratamento para diversos tipos de câncer podem apresentar efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia com agressão ao epitélio olfatório. - Tumores de hipófise: são raros, mas podem comprimir as estruturas nervosas das vias olfatórias. - Doenças neurológicas: as chamadas isquemias ou derrames cerebrais também podem causar hiposmia dependendo do local do cérebro acometido. Alterações do olfato podem ser observadas em doenças crônicas como Alzheimer, Parkinson e epilepsias - Acidentes e traumas crânio encefálicos (TCE): atropelamentos, acidentes automobilísticos podem lesar definitivamente os nervos olfatórios no seu trajeto para o cérebro. TRATAMENTO O tratamento depende de um diagnóstico precoce e preciso, muitas vezes apenas uma boa história clínica e um exame médico bem feito permitem identificar a causa da hiposmia. Em alguns casos são necessários exames complementares como endoscopia nasal, tomografias computadorizadas e ressonância nuclear magnética. Existem vários medicamentos úteis para o tratamento da hiposmia. Os quadros obstrutivos / condutivos como as rinites e resfriados podem se beneficiar com uso de antialérgicos, descongestionantes e antiinflamatórios. Outros casos podem necessitar de procedimento cirúrgico para correção de desvios septais, traumatismos nasais e remoção de pólipos. Os antibióticos são muito utilizados nos quadros de sinusites e em outras infecções bacterianas. Recentemente alguns medicamentos têm sido testados na recuperação da função dos receptores e nervos olfativos com resultados promissores. Vale ressaltar que é fundamental a avaliação médica por um profissional qualificado para identificar corretamente a causa da alteração do olfato e iniciar um tratamento adequado, pois muitos medicamentos usados inadequadamente podem até mesmo piorar ou causar a perda permanente do olfato.