"Logo que nasci minha família mudou-se para Maringá no estado do Paraná, uma cidade que começava o seu desenvolvimento baseado na cultura cafeeira e, hoje, desponta como uma das mais importantes do Estado.
Na infância andava praticamente descalço, aprendeu a nadar em rios e córregos da região e na escola mostrava-se como um dos primeiros alunos, recebendo inclusive prêmios dedicados aos melhores colocados. Nesta época já pensara em cursar Medicina. O médico era um profissional muito respeitado que curava as pessoas o que lhe provocava muita admiração", diz o otorrinolaringologista que é Professor Titular de ORL da Faculdade de Medicina da UFRJ.
Por necessidade de se preparar melhor e tentar ingressar na Faculdade de Medicina, conforme foi avançando no 2ºgrau, se viu obrigado a mudar de cidade. "Fui para Curitiba fazer o 3ºano Científico. Depois do cursinho , no final do ano, decidimos eu e meu amigo Keiji Nakano, irmão do ex-secretário de fazenda de São Paulo no governo Mário covas - Yoshiaki Nakano, partir para um novo desafio: prestar vestibular no Rio de Janeiro. Aí surgiu um novo problema, meu pai não autorizaria minha viagem ao Rio de Janeiro porque era segundo ele, uma cidade perigosa (na época quase não tinha tráfico de drogas ou a violência atual) e poderia me transformar num "malandro" como se comentava naqueles anos. Com a aprovação no vestibular na Federal, cheguei em casa careca por causa do trote. Como ele não sabia, perguntou porque estava sem os cabelos. Disse que tinha passado no vestibular mas, ficou indagando -- onde??, porque na lista dos aprovados publicada no jornal constava um monte de "japas" na Federal do Paraná mas o meu nome não!! Disse que passei no Rio de Janeiro. Levou um susto mas perguntou - É Federal? Respondi que sim, aí ele disse -- Ah, então tá bom. Seria muito difícil, quase impossível estudar numa escola particular pelos elevados custos", lembra o médico.
No Rio de Janeiro, foi morar durante um período na Casa dos Estudantes, na velha Lapa.
Hoje o prédio de 12 andares foi demolido para reurbanização do bairro.
Estudantes de todo o Brasil, vindos de vários estados e cidades moravam naquela casa que traz ótimas lembranças.
Tinha como distração, no início , ir à praia, assistir jogos no velho Maracanã e peladas no aterro do Flamengo.
"Aprendi muito nesses anos de Universidade. As refeições, eu fazia nos restaurantes universitários e quando era convidado por amigos a passar um domingo na casa deles, era uma festa. Enfim eu tinha comida caseira. Visitava a minha família 3 ou 4 vezes ao ano", diz Shiro.
A escolha da ORL veio na época do internato no 5º ano . "Um dia me chamaram para assistir uma cirurgia. Era do Prof. José Kós - grande legenda da ORL - e gostei muito. Posteriormente, fui selecionado e aprovado para fazer o internato e Residência Médica em Otorrinolaringologia na Clínica Prof José Kós, onde a estrutura para cirurgia, principalmente otológica era fantástica e foi através dela que conheci grandes expoentes da nossa especialidade, Prof. Arthur Octavio Kós, Prof. Helio Hungria, Prof. Roberto Martinho da Rocha, Prof. Marcelo Santos, Dr Roberto Taube e colegas que desapontavam no cenário acadêmico como o Prof. Fernando Portinho e Juan Carlos Maistegui Antunez (falecido) e muitos outros espalhados pelo Brasil e também no exterior. Foi um aprendizado à parte, um complemento sério e comprometimento profissional na Medicina" diz ele.
A UFRJ como professor
Em 1977, o prof Helio Hungria convidou o Dr Shiro Tomita a trabalhar no Hospital do Fundão da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Primeiro como Prof. Auxiliar, depois Prof. Assistente e aí, veio o Mestrado com a tese "ESTAPEDOTOMIA - Da técnica da microfenetra na cirurgia da otosclerose", baseado na observação como estagiário da Fundação Portmann - em Bordeaux - França, em 1992 no Rio da Janeiro.
Em 2000, defendeu o doutorado com a tese de estudo imunohistoquímico "Aspectos Moleculares do Colesteatoma - Imunoexpressão das proteínas controladoras do ciclo celular: P53, bax e bcl-2 na Escola Paulista de Medicina-SP. Atingiu o cargo de professor adjunto e em 2004 prestou concurso para professor titular com a banca examinadora do mais alto nível e excelência. "Fiquei muito honrado e orgulhoso, Prof. Aroldo Miniti (USP), Prof. Marcos Mocellim (UFPr), Prof. Fernando Portinho (UFERJ) Prof. Sergio Novis
(Neurologia-UFRJ) e Prof. Adalmir Dantas (Oftalmologia-UFRJ)", diz ele. Um dos grandes momentos da atividade acadêmica foi quando também participou da banca examinadora que conduziu o Prof Ricardo Ferreira Bento a cátedra de ORL da Faculdade de Medicina da USP.
Com a titulação como Professor Titular
"Mudou muito as suas atividades na Universidade. Há um aumento considerável de responsabilidade. É preciso estar apto para todas as obrigações acadêmicas e da congregação. E passei a ter metas. A primeira foi criar ou renovar uma equipe competente que levasse de maneira eficaz todo o planejamento da Disciplina e do Serviço. Precisei me envolver para montar um departamento com excelentes equipamentos, melhorando a estrutura da disciplina para que a parte prática torne-se muito boa e de excelente nível. E, desde a reforma de nossa área, à aquisição de aparelhos da melhor tecnologia, como microscópios cirúrgicos, aparelhos para exames vestibulares, potenciais evocados, videolaringoestrobocópio, cirurgia vídeo nasoendosopio, monitorização de nervos e possibilidade de cirurgia de base de crânio com neuronavegação. Felizmente, consegui montar uma estrutura que possibilita praticamente todo tipo de procedimentos cirúrgicos e diagnósticos. Sem esquecer do básico que são os materiais ambulatoriais. Em fase final a aquisição de 10 micróscopios e reforma do laboratório de microdissecção", continua Shiro.
A alta complexidade em Saúde Auditiva, está toda estruturada e o Grupo de Implante Coclear já comemora mais de 200 Implante Cocleares entre privado e público. Realiza reuniões com os implantados e familiares pelo menos uma vez ao ano.
"Para manter todo esse trabalho é imprescindível reunir com a equipe, traçar planos para a boa evolução do Serviço em seus vários setores. Reuniões semanais com o programa de Residência Medica, além do PINC e liga de ORL ocorrem rotineiramente. É trabalho de dedicação e de quem gosta e abraça a ORL da UFRJ", complementa.
Casado , pai de 3 lindas filhas. Mariana formada em Direito, Natalia no 5° ano de Medicina e Carolina passando para o 2° ano também de Medicina participam da vida familiar. "Minhas filhas são uns encantos e a mãe ativa e comprometida com a formação das filhas", diz ele.
Dentre os hobbies, está ir à praia em Búzios. "Eu pescava muito no Pantanal. Agora quero ver o meu timão campeão do mundo", diz ele.
Cursos no Exterior
"Fiz vários cursos e estágios no exterior, todos muito importantes.Destaco Bordeaux, Los Angeles e Chicago", diz ele. E arrisca dizer que arranha três idiomas, Frances e Ingleês (macarrônicos) e Japonês (foi alfabetizado mas esqueceu muita coisa).
Atualmente é coordenador no Rio de Janeiro da Fundação Otorrinolaringologia juntamente com o Dr. Roberto Meirelles . "É um prazer participar deste grupo. A FORL é muito importante para o desenvolvimento e reconhecimento de nossa especialidade. Os congressos que realiza, os cursos que permitem que todos os profissionais reciclem e descubram as novas tendências da ORL no Brasil e no mundo e o crescimento das subespecialidades que existem dentro da Otorrino são essenciais à formação de todos os otorrinolaringologistas e profissionais da saúde como fonoaudiólogos , psicólogos que atuam em equipes multidisciplinares do Brasil", afirma o médico.
E finaliza: "Dentro da minha carreira um dos grandes legados que consegui foram os amigos que fiz na minha caminhada. Tenho um apreço muito grande a todos e sempre que sou convidado a participar de algum evento, seja congresso ou curso ou mesmo de uma banca examinadora fico muito lisonjeado, orgulhoso e honrado e é como se eu fizesse parte da família e da comunidade otorrinolaringológica de todos os Serviços."
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